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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"VIVÁ, O SONHO"

Hoje quando acordei senti o corpo pesado e dormente, a preguiça contaminava e seduzia-me a ficar na cama, porém o senso de responsabilidade comandava o corpo como a um robô. A camisa entreposta nas calças, o cinto dividindo-me ao meio e as botas sempre iguais formavam a armadura que me iguala a todos os guerreiros, o sorriso forjado nos dentes amarelados e uma convicta esperança que Alguém me aguarda no céu eram a alegoria e o combustível que mover-me-iam.

Como todo sonho não conseguia lembrar todos os detalhes, de tempos em tempos meu cérebro pintava um pedacinho do imenso quadro. O destino primeiro era a Formiga que parece grande e não caber dentro do formigueiro, os joelhos já inchados cansados dos movimentos repetitivos aliados a uma música baixinha que ninava meus dois companheiros parecia observar minha ânsia pela plaquinha do quilômetro vinte e cinco. Ao chegar logo decifrei que os besouros nadavam de costas para evitar o ataque repentino das pererecas, sentia-me em casa, o chapéu de palha e o berrante renasceram meu espírito de herói, como o pequeno príncipe larguei o cometa em um quarto qualquer e tentei a comunicação com os primeiros habitantes que vieram recepcionar, as vaquinhas, que logo entenderam tratar de uma pessoa de bem.

Tão logo o sol pela fresta da janela esquentou minha face e já estava de pé, a vontade era tanta que como um galo cantei à luz do novo dia e pus-me a voar, não cabia em meu peito, era maior que eu, explodiria se não a gastasse. No caminho a loira” apareceu e disposta mostrou-se a conquistar o falante “homem bala”, aperta forte a mão e olho-no-olho, como um espelho refletiu nele sua própria arma. Lá de cima a natureza cerca a estrada com capim ludo, o nascimento do santo borbulhava como a vida e São Francisco revelava sua energia invisível que como um grito entupia os ouvidos do alto da Casca d’anta.

Na volta as bebidas e a carne fortaleceram a todos, até mesmo o homem bala que descobria o ponto fraco da loira, JP com seu sorriso sincero mal abria a boquinha. A galinhada foi o prato principal que durante a noite agia nos corpos nos preparando para ir até o fundão ao alvorecer.

Movido pela centelha divina vi a oportunidade de por momentos me sentir como parte daquilo tudo, eu era a subida, as pedras, o horizonte e o vento... Minhas atitudes ora criança, ora anciã, denunciavam meu desligamento à vida e revelavam a inocência do meu espírito. Para ele não havia limites de tempo ou espaço, de certo ou errado, de caro ou barato, carregava a pobreza de se sentir rico e a alegria da liberdade, perdia a noção, mas era sempre verdadeiro. sair do fundo é difícil, mas sempre tem um jipe prestes a ajudar, pena que a máquina não conseguiu nos acompanhar para registrar no intimo do consultor uma cantada com a liiingua perreza. Vejo aqui como o destino é sábio e cria bifurcações na vida, transformará uma perda em reencontro.

Embriagados pelo vinho e empanzinados pelo macarrão sondou-nos o medo do invisível e do misterioso, revelações eram feitas, mas enquanto uns procuravam estrelas no céu, outros, desesperados, as iluminavam no meio do mato. Prestes a acordar três astronautas abandonaram o trem, mas mal sabiam eles que a grande revelação estava por vir, a queda era tão impressionante que limitava a não chegar perto e umedecia-nos mesmo que de longe. Mas o corpo já pressente a hora de acordar e se remexe na cama, como um ferro quente marca-me para sempre, meu cometa logo-logo passará. Daqui levarei a certeza de que não posso estar no caminho certo, que como a bússola que aponta para o norte meu coração é guiado pela felicidade que percebo ficou para trás quando resolvi voltar. O universo homeopaticamente nos alimenta com a coragem e a essência do sonho que foi vivá, forte como a natureza. Não vejo a hora de dormir de novo.







Humberto Cardoso,

Viagem à Serra da Canastra.

10,11 e 12/10/09

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